Festival Latinidades celebra a união da música urbana, negra, da cultura de rua, da diversidade e da conscientização
Com o lema “Mulheres Negras Mudam o Mundo”, o primeiro festival do Brasil feito por mulheres negras aconteceu entre os dias 23 e 31 de julho, em diversas regiões do Distrito Federal.
31/07/2025 18:34 | Atualizado há 1 Semana atrás
O festival foi realizado entre os dias 23 e 31 de julho, em diversas regiões de Brasília, e apresentou shows musicais, mostras de cinema, oficinas, debates, entre outras atividades
O festival Latinidades comemorou este mês 18 anos de existência, promovendo a união, a expressão e a confraternização universal da cultura de rua, negra, multi-étnica, periférica, e de toda a diversidade.
O evento ocorreu entre os dias 23 e 31 de julho, em várias regiões do Distrito Federal, realizando inúmeras atividades como debates, oficinas, aulas, apresentação de filmes ao público, batalhas de rima e shows musicais de artistas de peso no cenário nacional do rap e do movimento hip-hop, como Luedji Luna, Karol Conká, Duquesa, Isa Marques, Larissa Luz, Nessa Preppy, IAMDDB e Zezé Motta, com participações de Malía.
O festival, que já passou por cidades como Brasília (DF), Fortaleza (CE), Londres, no Reino Unido, Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Cabo Verde, na África do Sul, e também realizou edições na Colômbia e em cidades do Goiás (GO), teve o seu ponto alto nos shows e apresentações musicais realizadas no último sábado (26/07), no Museu Nacional da República, na área central de Brasília.
Uma vitrine cultural e artística da América Latina para o mundo
De Sobradinho (DF) para o mundo, Isa Marques é um dos talentos em ascensão na cenário nacional
Sobre a importância do Festival Latinidades para o mundo e para a sociedade, a rapper e trapper Isa Marques, diretamente da região administrativa de Sobradinho (DF) para o mundo, defende:
“A importância de um festival como esse é o próprio tema: ‘Mulheres Negras Movem o Mundo’. Mulheres negras movem o rap. Mulheres negras movem a arte. Tentaram até não dar espaço, mas já está bem claro que a gente vai pegar, independente se alguém quer ou não”, afirmou Isa Marques.
Segundo ela, “se as pessoas estão tentando derrubar, de alguma forma, a nossa excelência prova o contrário”.
“Chega um momento que não tem o que falar da gente. Então é isso, a cena do rap feminino e a cena feminina no geral, a cena artística no Distrito Federal (DF) está cada vez mais forte, mais potente, e isso só reflete o futuro do DF, cada vez mais feminino, cada vez mais de pessoas da comunidade LGBTQIA+ também”, argumenta Isa Marques, um dos talentos em ascensão no cenário do rap e do trap nacional.
Cantora e atriz Zezé Motta sobe ao palco com Malía e emociona o público com show único e sensacional
Zezé Motta convida Malía para show único, vibrante, emocionante e expressivo - Crédito: Divulgação
A cantora e atriz carioca Zezé Motta, que apresentou show único e convidou a também cantora Malía para subir ao palco para um espetáculo em conjunto, destaca o evento como uma grande oportunidade para as pessoas compartilharem experiências de vida, celebrando diversos talentos e proporcionando espaço para a manifestação global da arte e da cultura.
“Eu tenho insistido muito na palavra perseverança, e não desistir do sonho nunca. De ter isso realmente como meta e como uma das coisas mais importantes das nossas vidas. Quando eu vejo surgindo a Malía, com talento e animada, e sendo prestigiada e respeitada, eu falo: ‘Ah, valeu a pena’”, expressa Zezé Motta, comemorando os 18 anos do Festival Latinidades, o primeiro festival do Brasil feito por mulheres negras.
Já a cantora Malía, que emocionou o público em sua apresentação com a cantora Zezé Motta, falou sobre a importância da sua participação no festival, ressignificando conceitos e experiências.
“Eu acho que é muito importante também a gente ressignificar as nossas experiências no trabalho, e isso aqui é uma forma de ressignificar. Por exemplo, é a primeira vez que eu faço uma apresentação com o meu próprio cabelo. Eu nunca tinha feito isso, por vários aspectos. E, principalmente, eu queria escolher um lugar em que eu me sentisse acolhida, porque quando a gente se mostra, a gente quer também que as pessoas tenham braços para abraçar. Então essa é a importância de termos um festival como esse”, opinou Malia.
Nessa Preppy, de Trinidad & Tobago apresenta riqueza da sua terra natal em novo ritmo ‘soca’
Cantora Nessa Preppy traz novidades de Trinidad & Tobago em novo ritmo 'soca' - Créditos: Divulgação
A cantora Nessa Preppy, de Trinidad & Tobago, apresentou ao público um show vibrante e repleto de elementos da sua cultura natal, como o ritmo ‘soca’.
“É muito importante poder fazer parte disso. É muito empoderador, até por ser uma mulher negra também. Nós não vemos um festival como esse acontecendo todos os dias, então eu sou muito agradecida por estar aqui e acho que precisamos de mais festivais como esse “, finalizou a cantora Nessa Preppy, de Trinidad & Tobago.
Sobre o lema do festival este ano, “Mulheres Negras Movem o Mundo”, ela destaca que “mulheres negras não só movem o mundo, mas também trazem vida para ele”.
IAMDDB traz a potência de Angola e a bagagem de Londres diretamente para o DF
IAMDDB chega ao Brasil com originalidade e muita personalidade - Crédito: Reprodução
A rapper e cantora angolana-portuguesa IAMDDB (Diana Adelaide Rocha de Brito) radicada em Manchester, no Reino Unido, impressionou o público com sua originalidade e o peso do seu rap.
Com origens em Angola, a artista nascida em Lisboa, em Portugal, trouxe para Brasília (DF) todo o peso da sua bagagem intercontinental.
“É uma honra estar aqui. Muito obrigada festival Latinidades por saber sobre mim, fazer o ‘booking’, me trazer até aqui. Foi muita logística, mas cheguei. E estou muito feliz por ter um palco para as mulheres negras, pra poder dividir as minhas músicas, a minha energia. Isso é uma coisa muito rara”, opina IAMDDB.
“Eu sinto que parte da minha missão nessa vida vai ser dar muito de mim para o Brasil. Eu acho que os artistas internacionais não dão o respeito que o Brasil merece. E o próximo projeto que eu vou fazer, será a primeira vez que eu vou fazer Bossa Nova, músicas completamente em português”, antecipou a artista.
Larissa Luz homenageia Gilberto Gil em seu trabalho “Rock in Gil”
A cantora Larissa Luz subiu aos palcos do Festival Latinidades para levar ao público um pouco do seu trabalho e apresentar a sua mais recente pesquisa fonográfica, intitulada “Rock in Gil”, em homenagem ao ícone da música brasileira, Gilberto Gil.
“A minha pesquisa dentro da música está toda ligada e direcionada à cultura negra , de alguma forma. Eu vou mergulhando ali, vou perpassando por coisas que eu acho que são importantes de contar, de dizer, de falar, importante de trazer à tona. E vou esmiuçando até encontrar uma forma de trazer isso à tona”, descreve o seu processo criativo Larissa Luz.
“Eu sempre curti essa faceta roqueira de Gil. Eu via ele cantando e pensava: ‘Nossa, Gil tem uma onda rock n’ roll”. Eu ia pesquisando a obra dele e ia vendo, tinha um recorte ali, em “Pessoa Nefasta”, fui vendo “Rock do Segurança”, “Punk da Periferia”, eu falei: ‘Tem uma narrativa aqui que dá pra ser contada’. E nasceu o ‘Rock in Gil’”, explica a artista, pontuando:
“É legal as pessoas entenderem que o rock é negro, partindo dessa perspectiva. Olhando: “Olha como isso aqui é rock. Olha como ele já fazia o rock há tanto tempo, e como a gente não colocou ele nesse lugar também de rockstar negro, que está ali fazendo. Isso tudo é falar sobre a retomada do que é nosso, sobre a nossa ancestralidade, sobre o nosso lugar de poder”, conclui Larissa Luz.
Sobre o tema do festival este ano, Larissa Luz afirma: “Quando a gente se mexe, a gente já está indo contra o sistema. A gente já está dizendo pro sistema: ‘Não vou sucumbir, não vou ser o que vocês esperam”, disse a cantora.
Mostra de cinema ocorreu no Cine Brasília e exibiu o filme “Bam Bam: A história de Sister Nancy”
Cine Brasília exibiu mostra de filmes independentes - Créditos: Reprodução
Uma das atrações de destaque do festival foi a mostra de cinema independente realizada no Cine Brasília, na quadra 107 Sul, no Plano Piloto, que apresentou ao público inúmeros filmes sobre diversos assuntos dos dias 23 a 30 de julho.
Com programação extensa, as salas de cinema exibiram produções como o longa -metragem “Bam Bam: A história de Sister Nancy”, um festival de curtas que apresentou produções como “Orum Ayié: A Criação do Mundo “, “Desaparecidos”, “Aquém das Nuvens”, “Aurora”, “Alexandrina – Um Relâmpago”, “Mulheres Bordadas – Fios do Passado”, e “Vão das Almas”.
Outras atividades foram a roda de conversa “Mulheres Negras Fazendo Cinema”, com Urânia Munzanzu e Suéllen Batista e mediação de Ciça Ferreira, o debate “Mulheres Negras e a Reescrita de Narrativas no Cinema Mundial”, com Alison Duke e mediação de Aline Maia e o lançamento literário “Empoderadas: Narrativas Incontidas do Audiovisual Brasileiro, com a diretora Renata Martins e a produtora Juliana Vicente.
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