Feira Preta Festival reúne 30 mil pessoas e marca estreia histórica em Salvador
A música assumiu papel central no festival. No sábado, o show de Sued Nunes abriu o Palco Axé com força e poesia, em apresentação que trouxe vocais intensos e alma baiana.
A primeira edição do Feira Preta Festival em Salvador reuniu mais de 30 mil pessoas entre os dias 28 e 30 de novembro de 2025 no Distrito Criativo do Centro Histórico. O evento gratuito ocupou diversos espaços da capital baiana — da Praça Maria Felipa ao Doca 1, e combinou música, moda, empreendedorismo, gastronomia, audiovisual, games, programação infantil e debates, reafirmando Salvador como polo da cultura afro-diaspórica no Brasil.
Para a fundadora do festival, Adriana Barbosa, levar o evento para a Bahia representa um momento simbólico e transformador. Nas palavras dela: “Trazer o Feira Preta para Salvador foi um sonho que se materializou com muita força. A Bahia é um dos centros mais potentes da diáspora negra no mundo, e ver esse território vivo, pulsando cultura, empreendedorismo, tecnologia e afeto, é a confirmação de que essa cidade sempre fez parte da nossa história e agora oficialmente.”
Música, ritmo e identidade preta: coração da celebração
A música assumiu papel central no festival. No sábado, o show de Sued Nunes abriu o Palco Axé com força e poesia, em apresentação que trouxe vocais intensos e alma baiana. Ela dividiu o palco com Josyara, reforçando o protagonismo feminino negro na arte.
Também se destacou a participação da cantora Rachel Reis no show de Jau, celebrando a união de gerações e estilos dentro da música preta.
No domingo, o festival manteve o ritmo com uma programação intensa da cena preta baiana: apresentações de Pagode Por Elas, Yan Cloud, Vírus Carinhoso, Ministereo Público e do coletivo O Kannalha. A noite foi encerrada com o Baile Essencial e o samba de Samba Orisun.
Economia preta pulsando: moda, empreendedorismo, gastronomia e inovação
Além da música, o festival transformou espaços do Distrito Criativo num verdadeiro hub da economia preta. O Mercado da Preta, apoiado pelo SEBRAE, reuniu mais de 100 marcas de empreendedores negros — moda, arte, serviços e estética — oferecendo visibilidade e acesso a mercado.
A área de gastronomia também foi destaque. A ação “Preta Degusta” apresentou culinária afro-baiana e contemporânea, valorizando sabores comunitários e promovendo economia local.
No campo da moda, o desfile Preta na Moda, em parceria com a iniciativa Fancy África (Moçambique), trouxe coleções de estilistas e marcas afrocentradas, ampliando a cena da moda negra e reforçando laços com a diáspora.
Para muitos empreendedores presentes, o festival representou uma chance concreta de visibilidade, parcerias e crescimento de negócios. A economia preta, muitas vezes marginalizada, ganhou corpo e protagonismo com o Festival Feira Preta.
Cultura, memória e múltiplas linguagens: audiovisual, games e debates
O evento não se limitou à música e ao mercado. Espaços como a Casa das Histórias, o Arquivo Público Municipal e o Doca 1 receberam debates, exibições audiovisuais, oficinas, programação infantil, games temáticos e rodas de conversa. A diversidade de linguagens reforçou o caráter multifacetado do festival, que celebrou ancestralidade, identidade e criatividade negra.
Feira Preta em Salvador: marco histórico e legado
A estreia da Feira Preta em Salvador consolida a capital baiana como um dos polos mais importantes da cultura negra contemporânea. A cada edição, o evento reafirma seu papel como maior festival de cultura e economia preta da América Latina.
Realizado pelo Instituto Feira Preta, com apoio de instituições públicas e patrocínios privados, o festival reforça que investir em cultura preta significa gerar mobilização social, visibilidade, oportunidades econômicas e fortalecimento identitário.
Como disse Adriana Barbosa: “Chegar à Bahia, terra-mãe do Axé, da resistência e da criatividade preta, não é apenas uma mudança geográfica — é reafirmar a potência da diáspora, reconhecer territórios de ancestralidade e construir futuros possíveis por meio da arte, da economia e da comunidade.”
Rádio West Side — Som da rua, voz da quebrada.
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